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A alimentação não serve apenas para nutrir e não é apenas uma necessidade de sobrevivência. É também um momento de socialização e que deve ser prazeroso. Mas para muitos a alimentação pode ser um momento de tensão e criar mal-estar durante horas ou dias. O número de pessoas com intolerâncias alimentares tem crescido e, assim, aumenta também a atenção dada socialmente a este tema. Conhecer o que come olhando bem para os rótulos pode ser a chave para gerir da melhor forma esta situação.

Com certeza já ouviu alguém, num restaurante, perguntar se têm pão sem glúten e talvez conheça outro alguém — ou já tenha passado por isso — que sente desconforto quando bebe leite. Os sintomas, como desconfortos gastrointestinais, associados às intolerâncias podem acontecer também quando se manifesta uma alergia a um determinado alimento. A diferença está na severidade, já que no caso das alergias, as reações do organismo no contacto com o alergénio podem levar à morte. No entanto, as intolerâncias podem comprometer a qualidade de vida e, de forma continuada, conduzir a situações graves de inflamação e comprometer uma correta absorção dos nutrientes a nível intestinal.

Intolerância alimentar ou alergia alimentar?
Os sintomas, a gravidade e as causas são diferentes. As alergias alimentares são provocadas por uma reação do sistema imunitário à presença de uma determinada proteína. Acontece rapidamente, mesmo com a ingestão de uma pequena quantidade, em alguns casos, não é necessário sequer consumir o alimento. Algumas pessoas têm reações alérgicas apenas tocando em determinado alimento — alergia ao marisco, por exemplo. O mesmo pode acontecer se uma refeição que não contém aquele ingrediente tiver sido preparada junto a ele, ou com utensílios que tocaram nele.

É por isto que, para pessoas com alergias alimentares, a higiene das cozinhas é, ainda mais, sinónimo de segurança. É que estas alergias podem pôr em risco a vida da pessoa. A forma mais grave de reação alérgica, anafilaxia, pode levar a problemas instantâneos em dois ou mais órgãos. Episódios perigosos incluem o inchaço das vias respiratórias, da boca, a falta de ar e a diminuição da pressão arterial. Outras pessoas têm ataques de comichão, com pele inchada e vermelha, ardor nos olhos ou problemas gastrointestinais, como vómitos e cólica abdominal.

A intolerância alimentar, pelo contrário, não ameaça diretamente a vida de ninguém, mas sobretudo a qualidade de vida. Ainda que de forma continuada, possa conduzir a estados de carência nutricional. Trata-se de uma reação do organismo que não envolve o sistema imunitário e que está, em geral, associada à porção que se ingeriu. 

Para alguém intolerante à lactose, que resulta de uma ausência total ou parcial da enzima lactase no intestino, e que permite a digestão da lactose (açúcar naturalmente presente no leite e lacticínios), os sintomas podem manifestar-se apenas a partir da ingestão de determinada quantidade de lactose. Além disso, nem todos os produtos lácteos têm quantidades elevadas de lactose: no iogurte o teor de lactose será mais baixo que no leite e em alguns queijos esta está praticamente inexistente.

Os sintomas são mais ou menos leves consoante a quantidade e aparecem retardadamente. Ao contrário das sensações instantâneas da alergia, as das intolerâncias aparecem depois da refeição - horas depois - já que está relacionada com a forma como o corpo digere os alimentos. É por isto que os sintomas mais comuns são gastrointestinais, como inchaço abdominal, dores de barriga, diarreia, embora algumas pessoas tenham também dores de cabeça, comichão e vermelhidão na pele.

Tipos de intolerância alimentar
A prevalência das alergias alimentares varia de 1 a 2% dos adultos e menos de 10% das crianças. Em contraste, estima-se que as intolerâncias alimentares afetem até 20% da população mundial. Além da intolerância à lactose já aqui mencionada, e que é uma intolerância muito frequente, podem verificar-se intolerâncias a outros hidratos de carbono como à frutose, em alguns casos ao trigo, e até outras substâncias como cafeína, histamina e alguns aditivos alimentares.

Como saber se tenho uma intolerância alimentar?
Pode ser uma caminhada longa descobrir, entre todas as coisas que comemos, o que nos está a causar mal-estar. Apesar da intolerância alimentar ser comum em todo o mundo, o diagnóstico muitas vezes não é simples e requer uma compreensão dos vários mecanismos de intolerância alimentar que podem existir.

Hoje há uma grande oferta de testes que prometem desvendar as intolerâncias alimentares, mas nenhuma metodologia reúne consenso científico para determinar intolerâncias alimentares.

A melhor maneira de diagnosticar uma intolerância alimentar é monitorizar os sintomas e os alimentos que são consumidos. Acompanhar o que acontece quando é retirado por um tempo algum alimento suspeito, e depois reintroduzi-lo na dieta e atentar aos resultados. Este processo deve ser feito com o acompanhamento de um profissional de saúde (médico ou nutricionista) de forma a garantir que estas alterações na alimentação garantem uma nutrição adequada.

Ler rótulos é o caminho
A indicação nos rótulos dos produtos alimentares de substâncias que podem provocar alergias tem de estar, por lei, bem clara. A lista desses elementos é definida na mesma lei. Os alergénios estão identificados na lista de ingredientes, podendo ser encontradas menções a destacar, como “contém” ou alertas para potenciais contaminações cruzadas, como “pode conter vestígios de”. Estamos a falar de soja, amendoins, cereais com glúten, peixes e produtos à base de peixes (como gelatina), ovos, dióxido de enxofre e sulfitos ou frutos de casca rija.

No caso das intolerâncias este destaque pode nem sempre estar presente, mas para algumas mais frequentes como a lactose e o glúten, verifica-se. Outros compostos como aditivos alimentares estão obrigatoriamente identificados na lista de ingredientes, sendo também possível a sua identificação.
Uma alimentação saudável pode variar entre indivíduos, precisamente pelas necessidades específicas de cada um. Se suspeita de que sofre de alguma intolerância consulte o seu médico ou nutricionista e procure implementar os principais gerais de uma alimentação saudável: variada, completa e equilibrada.

Fontes:
Food Allergens - Allergic Reation to Food | Eufic
poster-anafilaxia-spaic.pdf
Coeliac Disease | Eufic
Food intolerance - NHS (www.nhs.uk)
Intolerância alimentar | CUF
Food Allergen Infographic
Nutrimento: Alimentação Saudável - DGSaúde / PNPAS

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